URGENTE: Após depoimento, Bolsonaro acaba de ser… Ver mais
Bolsonaro depõe no STF e adota tom irônico em meio a acusações de tentativa de golpe: “Quer ser meu vice?”
Brasília – Um cenário digno de thriller político se desenrolou no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), com o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro de uma investigação que pode reconfigurar os rumos da democracia brasileira. O depoimento, considerado um dos mais aguardados do ano, ocorre no contexto da apuração sobre uma suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
Conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do chamado “núcleo duro” da investigação, o interrogatório de Bolsonaro é parte de uma série de oitivas que devem se estender até sexta-feira (13). O clima era tenso, mas marcado também por momentos de provocação e ironia, que não passaram despercebidos.
“Quer ser meu vice?”: provocação desconcerta ministros
Em um gesto inusitado, Bolsonaro surpreendeu ao iniciar sua fala com uma provocação direta a Alexandre de Moraes:
“Quer ser meu vice nas próximas eleições?”
O comentário arrancou risos tímidos entre alguns presentes, mas também expôs a estratégia do ex-presidente: tensionar o ambiente, desviar o foco e testar os limites da formalidade institucional.
Nos bastidores, a fala foi vista por ministros como um sinal claro de que Bolsonaro pretende politizar sua defesa, tratando a investigação como uma extensão do embate eleitoral — e não como um processo jurídico de gravidade histórica.
A “minuta do golpe” e a tentativa de se desvincular da trama
Ao ser questionado sobre a reunião em que se discutiu uma minuta de decreto para anular o resultado das eleições, Bolsonaro negou qualquer intenção golpista.
“Quando se fala em minuta, parece que é a minuta do mal. Eu refuto qualquer possibilidade de golpe. Tudo dentro da Constituição”, declarou.
A defesa tentou reforçar a narrativa de que tratativas envolvendo GLO (Garantia da Lei e da Ordem) eram meramente especulativas e respaldadas pela legalidade — apesar de relatos e provas já colhidas indicarem articulações que iam muito além de conversas teóricas.
Ausência na posse e receio de vaias: uma simbologia reveladora
Ao comentar sua ausência na posse de Lula, Bolsonaro alegou que preferiu evitar constrangimentos públicos:
“Já não tinha mais nada pra fazer. Não subi a rampa para não me submeter à maior vaia da história do Brasil.”
Para analistas políticos, a frase revela fragilidade emocional e desgaste institucional ao final de seu mandato, reforçando a tese de que o ex-presidente abandonou o papel de estadista em um momento decisivo da transição democrática.
PRF e tentativa de interferência eleitoral: “Fiquei sabendo depois”
Questionado sobre a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno das eleições — marcada por ações em redutos eleitorais de Lula — Bolsonaro negou envolvimento:
“Fiquei sabendo depois. Pelo que me disseram, todo mundo conseguiu votar.”
A justificativa contrasta com investigações da Justiça Eleitoral e relatórios técnicos que indicam operações sistemáticas em regiões do Nordeste, levantando suspeitas de uso político das forças de segurança para restringir o voto opositor.
8 de Janeiro: “Foi coisa de pobre coitado”
Sobre os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por apoiadores, Bolsonaro negou qualquer participação ou incentivo.
“Me dá até arrepio falar que aquilo foi tentativa de golpe. Aquilo foi coisa de pobre coitado, não de articulador de golpe.”
A declaração reforça sua estratégia de se desvincular da autoria intelectual dos ataques, ao mesmo tempo em que minimiza a gravidade do episódio, classificado como tentativa de insurreição por juristas e organismos internacionais.
O que dizem os investigadores
Fontes ligadas à investigação confirmam que o depoimento de Bolsonaro não trouxe elementos novos, mas reforçou a linha de defesa política, baseada na negação sistemática e em declarações ambíguas. A expectativa agora se volta para a análise de documentos apreendidos, mensagens de celular e depoimentos de ex-assessores, que podem evidenciar o papel do ex-presidente como mentor ou omisso diante da tentativa de ruptura democrática.
E agora? O fio da meada e a pergunta que ecoa
Com dezenas de envolvidos, áudios interceptados, agendas apreendidas e um número crescente de delações, o STF tenta montar o quebra-cabeça de uma das crises institucionais mais graves desde a redemocratização. A pergunta que ecoa em Brasília é direta:
Até onde Bolsonaro esteve disposto a ir para se manter no poder — e quem mais esteve ao seu lado nessa jornada?
Enquanto isso, o país acompanha, atento, os próximos capítulos de uma história que ainda está longe de seu desfecho.