Médica rompe o silêncio e entrega detalhes sobre quadro de Bolsonaro: ‘queimação’
Moraes autoriza Bolsonaro a sair da prisão domiciliar para exames médicos após crises de refluxo e soluços persistentes
Pedido da defesa foi motivado por sintomas que não respondem a tratamentos convencionais; saída está prevista para sábado (16) e deve ser comprovada com laudo médico
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de 70 anos, atualmente em prisão domiciliar, recebeu autorização especial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para sair de casa neste sábado (16), a fim de realizar uma bateria de exames médicos. O pedido foi feito por sua defesa, que relatou sintomas recorrentes de refluxo gástrico e soluços persistentes, sem melhora com os tratamentos habituais.
A decisão de Moraes impõe condições específicas: Bolsonaro poderá se ausentar exclusivamente para fins médicos e deverá apresentar, em até 48 horas, um atestado com data e horário dos atendimentos realizados. A medida é parte de um protocolo mais amplo de acompanhamento da saúde do ex-presidente, segundo seus advogados.
“A solicitação decorre da necessidade de reavaliação dos sintomas de refluxo e soluços refratários, além da verificação do quadro de saúde atual do peticionante”, informou a defesa em nota oficial.
Entenda os sintomas que motivaram o pedido
Para compreender os sintomas relatados, a reportagem consultou a médica generalista Giovana G. de Paula, da Santa Casa de Misericórdia de Chavantes (SP). Segundo ela, o refluxo gastroesofágico ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna ao esôfago, provocando azia, queimação no peito, dor na garganta e gosto amargo constante na boca.
“É uma condição que pode comprometer significativamente a qualidade de vida, especialmente quando se torna crônica ou não responde ao tratamento”, explicou a especialista.
Já os soluços refratários, considerados mais graves, são caracterizados por episódios que duram mais de 48 horas ou que retornam com frequência. “Quando o soluço é persistente, ele pode ser sinal de problemas mais complexos, como distúrbios neurológicos ou gastrointestinais, e precisa ser investigado com exames específicos”, destacou a médica.
Dados da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia apontam que de 12% a 20% da população urbana brasileira sofre de refluxo crônico, que pode se manifestar com tosse seca, dor abdominal, náusea, perda de apetite e, em casos mais avançados, perda de peso.
Debate político reacende nas redes sociais
A autorização para a saída de Bolsonaro reacendeu a polarização nas redes. Enquanto apoiadores defendem o direito do ex-presidente à saúde, opositores apontam supostos privilégios concedidos pela Justiça.
Essa não é a primeira vez que a saúde de Bolsonaro entra em pauta. Desde o atentado a faca durante a campanha de 2018, ele já passou por diversas cirurgias abdominais e internações — a mais recente em abril deste ano. O quadro clínico, segundo a defesa, é constantemente monitorado.
Mesmo afastado da cena pública, Bolsonaro continua a ser figura central no noticiário político e jurídico do país, e qualquer movimentação relacionada a ele gera repercussão imediata.
A expectativa agora é que, após os exames, a equipe médica apresente laudos que poderão embasar novos pedidos de flexibilização das medidas impostas. Enquanto isso, o STF segue atento ao cumprimento das regras da prisão domiciliar, que continua válida e sujeita a sanções em caso de descumprimento.